Como a economia GIG pode influenciar o reforço escolar
A economia GIG é uma tendência mundial no mundo empresarial, mas ela também pode influenciar na rotina escolar.
Muitas vezes, os alunos precisam de atividades complementares às da sala de aula, assim acabam buscando por professores particulares. O coordenador de aprendizagem da Faculdade CMB, doutor Ricardo Cortez, estava estudando sobre o assunto quando se deparou com o cenário da economia GIG, que mantém a estrutura das aulas particulares de antigamente, porém com auxílio da tecnologia. Então surgiu a curiosidade de descobrir como a economia GIG influencia no valor da hora/aula.
Cortez decidiu produzir um artigo utilizando como objeto de estudo os professores de sociologia dentro das plataformas educacionais da economia GIG, que é quando as empresas optam pela contratação temporária para suprir a demanda de serviço. “Comecei o exploratório de campo pesquisando algumas plataformas, e então vi que existem muitas, elas foram se expandindo sem que percebêssemos nos últimos anos, possivelmente no lastro dos aplicativos”, contou o doutor.
Ricardo contou que ficou impressionado porque existiam muitos perfis de professores, desde pessoas sem graduação até pessoas com doutorado, além dos valores da hora-aula serem absurdamente diferentes. “Quando percebi que tinha um volume consistente de informações disponíveis, defini que ia estudar qual delas influencia no valor da hora-aula”, explicou Cortez.
O coordenador disse que sua perspectiva em relação aos profissionais de educação no Brasil o estimulou a realizar a pesquisa. “Nesses espaços, o profissional vai estar concorrendo com outras pessoas que às vezes não têm o diploma, e, em vez de denunciar isso, quero entender como está ocorrendo a adaptação a essa realidade por parte dos indivíduos”, contou.
“O Reforço escolar informal em sociologia na economia GIG: Exploratório sobre a influência no valor da hora/aula”
Cortez disserta no artigo sobre o papel da Sociologia no currículo escolar. Em um dos trechos, ele explica que a disciplina, por si só, sofreu afastamentos institucionais cujas implicações de justificações devem ser muito interessantes de serem analisadas. “Esse tipo de reação dá a entender, de fato, que o novo paradigma institucional. A obrigatoriedade foi conquistada em 2008. Porém, com a reforma do Ensino Médio de 2015, ela passou a fazer parte das ciências humanas e suas tecnologias”, analisa o doutor.
Ricardo ainda faz uma ressalva sobre como essa intermitência afeta a oferta dessa disciplina no ensino médio, o que também intervém nas suas avaliações e na demanda por aulas de reforço. “Acreditamos que, a partir de agora, seja relevante medir o número de professores na economia GIG variando de acordo com as idas e vindas da sociologia no currículo escolar, pois a história disciplinar indica que ela pode voltar a ser obrigatória no futuro”, ressalta Cortez.
Em conclusão, Cortez disse que o reforço escolar acaba sendo uma área de atuação viável, especialmente em sociologia, para uma pessoa sem qualificação acadêmica, justamente porque é possível atuar sem gerar certificação.
Confira o artigo completo aqui.
Conheça mais sobre o autor
Ricardo Cortez Lopes é Doutor e Mestre em Sociologia e é licenciado em Ciências Sociais, todos os títulos obtidos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Do ponto de vista profissional, já atuou em ensino médio técnico (no Instituto Federal Rio Grandense de Gravataí) e no Ensino Superior (no polo da Universidade Aberta do Brasil de Sapucaia do Sul), além de cursos preparatórios e na produção de conteúdo educacional em nível de pós-graduação. Como pesquisador, escreveu, até o momento, 48 artigos científicos em revistas nacionais e internacionais, 3 livros e doze capítulos de livros. Seus temas são modernidade, representações sociais, educação e ensino de sociologia. Possui pesquisas de diversas naturezas, desde estudos qualitativos, quantitativos e até mistos, além de já ter utilizado métodos como etnografia, entrevistas, questionários, entre outros. Atualmente, é coordenador de aprendizagem da Faculdade CMB.